domingo, 18 de setembro de 2016

Atleta campeão Clodoaldo Silva confirma aposentadoria após 20 anos de competições

clodoaldo
“Fui convencido por meus amigos e companheiros a não pendurar a sunga”. Por um instante, o potiguar Clodoaldo Silva parecia anunciar que a anunciada aposentadoria, marcada para começar no primeiro dia após os Jogos Paralímpicos do Rio de Janeiro, seria mais uma vez adiada. A dúvida durou apenas o instante de sua pausa dramática. Para não ficar nenhuma dúvida, ele emendou, com uma risada bem-humorada: “Afinal, pendurar a sunga é obsceno. Vou mesmo pendurar meu óculos e minha touca”.
Ele garantiu que, dessa vez, o adeus é definitivo. “Em Londres, estava tudo programado para eu parar. Mas vários fatores me fizeram continuar. Primeiro, recebi algumas ameaças de morte da seleção. Depois, a chegada da minha filha, em 2011. Queria que ela estivesse na arquibancada para torcer por mim, que ela me visse não por meio de imagens ou ouvisse alguém contando. Também recebi várias mensagens pedindo para eu seguir adiante, da mesma forma que estou recebendo agora. Mas agora eu parei mesmo. Estou velho”.
Em cinco Paralimpíadas – Sidney, Atenas, Pequim, Londres e Rio de Janeiro –, o “Tubarão” somou 14 medalhas paralímpicas, sendo seis ouros, seis pratas e dois bronzes. A última medalha de sua carreira veio no revezamento 4x50m livre misto até 20 pontos, ao lado de Daniel Dias, Joana Silva e Susana Schnarndorf. “Conquistar a prata no revezamento foi algo que eu nem imaginava”, admitiu o atleta, que também nadou os 50m e os 100m livre em sua classe, a S5.
As seis medalhas de ouro nos Jogos de Atenas, em 2004, fizeram de Clodoaldo Silva, por muitos anos, o grande nome do esporte adaptado. “Não sou o primeiro atleta paralímpico. Nós participamos dos Jogos desde 1972, e tínhamos nomes como o da Ádria dos Santos, o Antônio Tenório e a própria Márcia Malsar. Mas 2004 foi um divisor de águas para o esporte paralímpico, porque saímos com 14 medalhas de ouro e eu colaborei com seis ouros e uma prata. A sociedade brasileira começou a ver as pessoas com deficiência como atletas de alto rendimento e houve aquele boom”.

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