Foto: Magnus Nascimento
O Fundo das Nações Unidas para a
Infância (Unicef) aponta que 85,5% das crianças e adolescentes do Rio
Grande do Norte estão em alguma dimensão de pobreza. A informação é do
novo relatório “Pobreza Multidimensional na Infância e Adolescência no
Brasil”, divulgado pela Unicef nesta terça-feira (10).
A pesquisa que embasa o relatório
apresenta dados nacionais e também por estado. O estudo, que analisa o
acesso de crianças e adolescentes a seis direitos básicos: renda,
educação, informação, água, saneamento e moradia, tem por base a
Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PnadC) dos anos de
2016 a 2022. O relatório não foi produzido em 2020 e 2021, anos da
pandemia.
Com os números, é possível identificar a
diferença regional com relação à pobreza multidimensional no Brasil. Em
estados do Norte e Nordeste, são maiores os índices de meninos e
meninas privados de um ou mais direitos.
Os índices do relatório estão separados
entre privações extremas, que apontam a falta de acesso, as privações
intermediárias, que revelam baixa qualidade de acesso ao direito, e sem
privações.
Nacionalmente, entre os anos de 2019 e
2022, o percentual de jovens vivendo na pobreza em suas múltiplas
dimensões apresentou uma pequena redução no Brasil, saindo de 62,9% para
60,3%. Neste período, no RN, caiu de 90,4% para 85,5%.
“A pobreza na infância e adolescência
vai além da renda, e precisa ser olhada em suas múltiplas dimensões.
Estar fora da escola ou sem aprender, viver em moradias precárias, não
ter acesso à renda, água e saneamento, não ter uma alimentação adequada e
não ter acesso à informação são privações que fazem com que crianças e
adolescentes estejam na pobreza multidimensional”, explica Santiago
Varella, especialista em Políticas Sociais do UNICEF no Brasil.
Entre os aspectos analisados no
relatório, há destaque para a piora nos indicadores de educação, em
especial o analfabetismo. Em todo o país, a proporção de crianças de
sete anos de idade que não sabem ler e escrever saltou de 20% para 40%
entre 2019 e 2022.
“De todas as dimensões analisadas, a que
mais piorou no País foi a alfabetização, chamando a atenção para a
urgência de políticas públicas coordenadas em nível nacional, estadual e
municipal para reverter esse quadro”, alerta o especialista.
Quanto aos indicadores relativos à cor e
raça, a desigualdade foi reduzida nos últimos anos. Em 2019, a
diferença no acesso a direitos entre crianças e adolescentes brancos
quando comparativo aos negros era de 22%. Em 2022, a diferença foi
reduzida para pouco mais de 20%.
Outros índices
Renda
O relatório aponta uma análise de
dimensão de renda, que aborda o número de crianças e adolescentes
vivendo abaixo de um nível mínimo de recursos para satisfazer suas
necessidades. Essa privação afetava cerca de 40% do total de crianças e
adolescentes de até 17 anos no país em 2019.
Com a pandemia, o índice variou pela
influência das políticas de auxílio emergencial e apresentou melhora em
2022, chegando em 36%.
No RN, cerca de 54,02% dos jovens vivem abaixo do nível mínimo.
Água e saneamento
Entre todos os indicadores avaliados, a
privação de crianças e adolescentes ao saneamento básico é mais um dos
mais alarmantes no Brasil. No relatório de 2019, 39,5% dos jovens
brasileiros não tinham acesso a banheiros e rede de esgoto. Esse número
foi reduzido para 37% em 2022.
No Rio Grande do Norte, segundo o estudo, 68,93% das crianças não tinham acesso a saneamento básico em 2022.
O índice sobre o saneamento básico revela a situação de ausência ou precariedade de acesso a banheiros ou redes de esgoto.
Sobre o acesso à água potável, o número é
reduzido no país, e atinge cerca de 5,4% em 2022. O baixo índice também
é apresentado no Rio Grande do Norte, com uma porcentagem de 8,43%.
Moradia
O acesso de crianças e adolescentes a
uma moradia no Brasil ainda é um desafio. De acordo com o relatório,
houve uma redução de 10,9% em 2019 para 9,4% em 2022.
No território potiguar, a pesquisa aponta que 5,75% de crianças são afetadas por essa privação.
g1-RN