segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Brasileiro: Indicado Cardeal, arcebispo do Rio foi anfitrião do Papa na Jornada da Juventude

Por Eduardo Carvalho
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A timidez e a capacidade de conciliação estão entre principais características de Dom Orani, que está à frente da Arquidiocese do Rio desde 2009. Filho caçula dos Tempesta, família com nove filhos descendente de italianos e católica fervorosa, o religioso nasceu em São José do Rio Pardo, no interior de São Paulo, em 1950.
Ficou em evidência em julho passado ao ser anfitrião do cardeal argentino Jorge Mario Bergoglio, recém-eleito no conclave como Papa Francisco, durante a visita oficial ao Rio de Janeiro, para a Jornada Mundial da Juventude.
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O desafio era grande: trabalhar para receber milhões de fiéis brasileiros e do exterior, e ainda lidar com problemas estruturais, como a transferência de eventos do Campo de Guaratiba, afetado pela chuva, para a Praia de Copacabana.
Segundo familiares e amigos de Dom Orani, a forma serena como conduziu a JMJ pode ter influenciado Francisco na escolha pelo brasileiro para um dos cargos de “príncipes” da Igreja Católica – posição que só fica abaixo do próprio Papa.
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Francisco presenteia Dom Orani Tempesta com um cálice na missa na Catedral Metropolitana do Rio de Janeiro
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Conciliador 
Amigos desde 1974, Dom Paulo Celso Demartini, abade do Mosteiro Cisterciense de São José do Rio Pardo, conta que foi nesse mosteiro que o atual arcebispo do Rio iniciou sua vida religiosa como monge e foi lá também que exerceu seus primeiros anos como sacerdote.
Segundo ele, o novo cardeal é considerado conciliador e chega a ficar horas tentando resolver problemas de relacionamento entre pessoas, sejam elas da igreja ou não. Dom Paulo considera fantástica a forma como Dom Orani consegue um consenso.
“É fantástica a forma que ele faz. Na verdade, ele procura mostrar que as duas partes estão certas, mas que cada uma tem que reconhecer as complementariedades das opiniões”, explica.
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O jovem Orani Tempesta ingressou ao 18 anos no Mosteiro Cisterciense de São José do Rio Pardo, que segue as regras da ordem de São Bento (beneditinos). Enquanto monge, se destacou nas atividades de comunicação em igrejas da Diocese de São João da Boa Vista, até que foi ordenado padre em dezembro de 1974. Permaneceu no mosteiro por quase 30 anos, onde foi eleito abade (responsável) em 1996.
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No ano seguinte, foi nomeado pelo Papa João Paulo II bispo da diocese de São José do Rio Preto, também no interior paulista, com o lema de episcopado “De modo que todos sejam um”.
Em 2004, foi nomeado Arcebispo de Belém, no Pará, onde permaneceu até 2009. Durante este período foi presidente da Comissão Episcopal para a Cultura, Educação e Comunicação da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, a CNBB, órgão máximo da Igreja Católica no país. Em fevereiro de 2009, Bento XVI o nomeou arcebispo do Rio de Janeiro, onde permanece atualmente.
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De coroinha a cardeal 
Uma de suas irmãs ainda vivas, Ondina Tempesta, 75 anos, moradora da cidade de São Paulo, conta que o atual arcebispo do Rio de Janeiro era o filho que mais frequentava a igreja.
Além disso, foi um dos primeiros a deixar a casa, quando aos 18 anos decidiu entrar para a vida religiosa – com apoio do pai e à contragosto da mãe, que não queria seu caçula fora do ninho. “Meus pais não apoiaram a ideia inicialmente, mas ele foi mesmo assim”, disse ela.
Ondina relata ainda que nos primeiros anos como monge e sacerdote, Dom Orani sempre se dedicou aos mais pobres.
“Assim que foi ordenado padre, ele ia muito para o interior das cidades, saía de noite, de madrugada, para celebrar missas. É uma pessoa muito dedicada e parece ter nascido para isso. Ele quer estar no meio do povo, com o povo”, complementa. “É meu xodó”, diz a irmã.

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