terça-feira, 12 de maio de 2015

Por Ana Paula de Lima - Conheça a História das Religiões de Matriz Africana


Religiões de Matriz Africana

“Em solo brasileiro a religiosidade de origem africana adaptou-se à realidade do regime escravocrata e cristão-católico. Contudo, mesmo sob grande privação, a força milenar da fé desse povo (re)nasceu das cinzas nas senzalas das fazendas e nos quilombos, formando uma vasta gama de denominações religiosas “afro-brasileiras
Pai Dejair de Ogum, Babalorixá, Instituto Humanitas, Unisinos, São Leopoldo, RS
Especialista em História e Cultura Afro-Brasileira
            As Religiões de Matriz Africana, como a Umbanda e o Candomblé, entre outras, são constitutivas da nossa cultura, da essência de ser brasileiro, assim como tantos outros segmentos religiosos, mas são sempre alvos de discursos de ódio e de ações que denigrem a dignidade humana de seus adeptos. Inúmeros são os casos de templos invadidos, de pessoas agredidas, como se não vivêssemos em um Estado Laico em que cada indivíduo tem o direito de expressar sua cultura e sua religião.
            Mas para além dessas questões que representam um atraso social e cultural da sociedade brasileira, essas religiões representam uma riqueza cultural, religiosa e social inimaginável para aqueles que não as conhecem, desde as roupas, às comidas, existem histórias, tradições que marcam as raízes do que conhecemos como Brasil.
            Os seres humanos que vieram da África para serem escravizados no Brasil não trouxeram apenas sua força de trabalho para erguer esse país, mas atravessaram o Oceano Atlântico suas tradições, culturas e religiões que se moldaram ao longo dos séculos para o que hoje conhecemos como religiões de Matriz Africana, de belezas tão diversas, de gestos humildes como as senhoras do Candomblé que mantém suas vidas dedicadas as causas humanitárias de suas comunidades, de tantas histórias que contam e recontam suas origens e seus ancestrais.
            O “Povo de Santo” como mais se conhece os adeptos das religiões Afro-brasileiras, pede licença apenas para cultuar seus Orixás, relembrar seus ancestrais, cantar suas divindades. Os “terreiros” representam para esses indivíduos muito mais que espaços de cultos, e sim um local de resistência contra a discriminação, o racismo, o preconceito e a violência ainda tão presentes em suas vidas.
            Assim, precisamos compreender os significados dessas religiões para poder tecer algum comentário sobre elas e não cairmos em devaneios e discursos preconceituosos, por que o Povo de Axé merece ter sua fé e suas tradições respeitas, e necessitamos compreender que o Brasil é um país diverso, assim como é diverso tudo que existe nele.

Ana Paula de Lima

Especialista em História e Cultura Afro-Brasileira

Nenhum comentário:

Postar um comentário