Hoje, 28, é celebrado o Dia do Agricultor. No entanto, devido ao quarto ano seguido de seca no Rio Grande do Norte e estimativas de perdas de mais de 90% na produção este ano, muitos agricultores afirmam não ter muitos motivos para comemorar. Os produtores rurais reclamam ainda de dificuldades em ter acesso ao benefício Garantia Safra, do Governo Federal.
"Infelizmente, até mesmo o acesso ao Garantia Safra, que deveria ajudar os agricultores em dificuldade, é dificultado pela burocracia. Há pessoas que ainda não receberam o seguro do ano de 2013. Este ano foi pior que os anteriores, pois nem mesmo o pasto para os animais foi possível recuperar", afirma o presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Lavoura (Sindilavoura), Francisco Gomes.
O presidente conta que, com perdas na produção, muito agricultores têm desistido das plantações próprias e se empregado em grandes empresas fruticultoras. Ele explica que outros produtores têm ainda saído da zona rural e vindo morar ou buscar emprego na cidade, além daqueles que passam a desempenhar atividades como a derrubada de madeira e a produção de carvão, prejudiciais à saúde e ao meio ambiente.
Francisco Gomes explica que, em busca de amenizar os prejuízos dos homens do campo, o sindicato protocolou pedido à Secretaria Municipal de Segurança Pública e Defesa Civil a concessão de aporte para compra de ração animal, além de reforço no abastecimento de comunidades rurais através de carros-pipa.
"A situação tende a se agravar porque o pouco pasto que cresceu com as chuvas deste ano está acabando. Os bodes e cabras são mais resistentes, mas animais como ovelhas e vacas podem não aguentar e os produtores ou terão de vender ou os perderão para a fome. Pedimos auxílio para comprar sacos de risídio e mantermos o gado", conta.
Questionado, o coordenador municipal da Defesa Civil, Carlos Paiva, informa que a pasta encaminhou à Secretaria de Estado da Defesa Civil um plano de resposta ao Sistema Integrado de Informações sobre Desastres (S2ID). No documento, ele conta que foram solicitados recursos para compra de ração animal, cestas básicas, reforço no abastecimento e envio de cisternas suspensas para as famílias do campo.
Carro-pipa no município não tem conseguido atender à demanda
Carlos Paiva conta que, embora haja água o suficiente nos poços mantidos pela Prefeitura de Mossoró, a frota de carros-pipa no município ainda não é o suficiente para atender à demanda, crescida em tempos de seca. Atualmente, são oito carros do tipo, sendo cinco do Exército, um da Defesa Civil e três da Secretaria Municipal de Agricultura e Recursos Hídricos.
O coordenador afirma que a situação deve ser amenizada com a chegada de mais 10 carros-pipa do Exército. Ele explica que deve participar de uma reunião hoje, às 9h, com a Secretaria de Estado da Defesa Civil para acertar detalhes de mais uma ida a Brasília buscar recursos do programa de enfrentamento à seca.
"Já estamos finalizando o processo para conseguir mais 10 carros-pipa com o Exército e agora nossa preocupação é conseguir o restante dos auxílios, sobretudo a alimentação para o gado", disse o coordenador.
Entre as ações previstas no Plano Emergencial contra a seca em Mossoró estão a entrega de 250 caixas d'água de cinco mil litros à população rural, aquisição de 12 mil cestas básicas e de 80 mil sacos de ração para animais. Ao todo, o projeto deve custar mais de R$ 7 milhões de recursos do Governo Federal.
De acordo com informações da Secretaria de Estado da Agricultura, da Pecuária e da Pesca (Sape), o Estado espera o envio de R$ 15 milhões pelo Governo Federal para distribuição de forragem e torta de algodão para o gado. Atualmente, a pasta aguarda somente a aprovação do Ministério da Integração para liberação da verba, o que não tem previsão para acontecer.
Ao todo, devem ser adquiridos 833 mil sacos de forragem, com 25 quilos cada um, somando mais de 20 mil toneladas. Também estão previstos para ser entregues aos produtores potiguares 62 mil sacos de torta de algodão, cada um pesando 50 quilos, totalizando mais de três mil toneladas da ração
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