No seu primeiro evento público desde o agravamento da crise que atinge seu governo, a presidente Dilma Rousseff fez um discurso duro contra o juiz federal Sérgio Moro, em Feira de Santana (BA), onde entrega moradias do Minha Casa Minha Vida. Dilma afirmou que juiz que faz "grampo" em presidente no exterior vai para a cadeia. Ela rebateu também a comparação que Moro fez da atual situação como a do ex-presidente americano Richard Nixon, que renunciou ao cargo, e acusou ainda o juiz paranaense, sem citar seu nome, de ter ferido a Lei de Segurança Nacional.
— Quero falar do fato grave que aconteceu. Eu, ao convidar o presidente Lula (para ser ministro) ele ia para São Paulo. A Dona Marisa, mulher do presidente, estava doente e ele não ia voltar para a cerimônia de posse. Aí, liguei (para Lula) e disse: 'tô mandando aí no aeroporto para pegar sua assinatura para a gente usar se você não puder voltar para a cerimônia de posse amanhã. Pois bem. Essa conversa apareceu gravada, grampeada. E aí é um fato grave. E vou explicar para vocês. Esse grampo na Presidência da República, ou com qualquer um de vocês, não é algo lícito. É ilícito. E é previsto como crime na legislação. Não é por ser eu, Dilma, é por eu ser presidenta. O dia que deixar de ser, isso vale para mim. Mas presidente do Brasil, e de qualquer país democrático do mundo, tem garantias constitucionais. Ele não pode ser grampeado, a não ser com autorização expressa da Suprema Corte do país. E em muitos lugares do mundo quem grampear um presidente vai preso, se não tiver autorização judicial da Suprema Corte. Vou dar um exemplo. Se grampeiam o presidente da República os Estados Unidos...veja o que acontece com quem grampear. É por isso que eu vou tomar todas as providências cabíveis — disse Dilma no discurso.
O discurso foi num conjunto habitacional, onde foram entregues casas para cerca de 1,6 mil famílias. Dilma afirmou ainda, se referindo a Moro, que não é passível de "grampo" e acusou o juiz de ferir a LSN.
— A não ser que a Suprema Corte autorize, não sou passível passível de grampo. Se não, fere frontalmente a Lei de Segurança Nacional (LSN), que protege o presidente.
Dilma rebateu a citação que Moro fez de Richard Nixon ao se referir à situação vivida pela presidente Dilma.
— Outro dia deram como exemplo o presidente Nixon. O que ele fazia? Ele grampeava todo mundo que entrava na sala dele e todos os telefones eram..telefonemas que recebiam, ia para lá, pá, grampeava. E aí? Não ficou assim não. A Suprema Corte dos Estados Unidos mandou entregar todos os grampos e proibiu ele de grampear. Era o presidente grampeando. Ele não pode grampear porque deu na cabeça dele. O exemplo é o seguinte: nem presidente da República pode grampear sem autorização, o que dizer de outras hierarquias. Esse exemplo do presidente Nixon não é válido. É de forma incorreta — afirmou.
O discurso de Dilma era interrompido por gritos como "não vai ter golpe" e "Dilma, guerreira, do povo brasileiro".
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