Ortopedista Henrique Rodrigues está curado do coronavírus Foto: Arquivo pessoal
O ortopedista paulista Henrique Rodrigues, de 31 anos, enfrentou muitas dores no corpo, dificuldade para respirar e febre alta desde que começou a apresentar sintomas do coronavírus no início do mês. Passou seis dias na UTI até receber a notícia de que estava curado. Hoje, se recupera da pneumonia que restou como sequela da doença.
“Nunca me senti tão mal. É uma experiência bem ruim, mas melhora. Há luz no fim do túnel”, garantiu, em entrevista à ÉPOCA.
Rodrigues foi internado no Hospital São Luiz, em São Caetano (SP), no último dia 13, quando sua tomografia apontou para um padrão característico de covid-19. Menos de 24 horas depois, viveu o pior momento enquanto se tratava. O desconforto respiratório, a mialgia intensa e os calafrios não eram atenuados nem pelos remédios periódicos.
“A febre não passava, cheguei a quase 39 graus, mesmo com medicação de horário, tomando paracetamol e dipirona”, contou o médico. “As dores no corpo eram muito fortes. Até para levantar o braço doía muito”, acrescentou.
Os primeiros sinais da doença surgiram no dia 6 de março quando Rodrigues dava plantão em um hospital da Zona Sul de São Paulo. Uma das unidades em que trabalha passou por um surto da doença e registrou funcionários infectados. No entanto, Rodrigues não confirma que foi lá que contraiu o vírus. “Viajei para a Tailândia no final de janeiro. Também pode ter sido de algum paciente, já que atendemos, em média, uns 40, 50 por dia. Ou até um descuido meu na higiene”, sugeriu.
Enquanto trabalhava, Rodrigues começou a ter calafrios. Em seguida, desenvolveu febre intermitente por três dias junto a dores corporais, o que o fez procurar ajuda médica. Ele vinha tomando antibiótico e corticoide, que não surtiram efeito.
Examinado, o ortopedista foi orientado a ir para casa e retornar ao hospital caso seu estado piorasse. No dia 12, a tosse e a falta de ar se agravaram, e Rodrigues decidiu pagar para fazer o teste do coronavírus. “Eu suava demais. Teve uma noite em que precisei trocar de roupa cinco vezes, ficava encharcado”.
Como o resultado não é imediato, fez exames complementares que o levaram a ser isolado em observação na UTI. Mesmo com a confirmação de que havia sido infectado, Rodrigues diz que sua maior preocupação foi com a família. Isso porque teve contato com seus avós, de mais de 80 anos, e sua mãe que é hipertensa – todos enquadrados no grupo de risco da doença. O alerta também servia para a esposa médica, que testou negativo para o coronavírus.
A alta, no último dia 18, foi um alívio. O médico liberou Rodrigues desde que completasse a quarentena em casa. Hoje, se recupera da pneumonia que restou como sequela da doença. “O que me incomoda é apenas a tosse, mas já era esperado. Não tenho mais cansaço, dores, febre, nada”, afirmou o ortopedista, que pretende voltar ao trabalho na próxima semana.
“O que quero passar é que não é um bicho de sete cabeças. A maioria da população vai apresentar sintomas virais leves. Alguns vão evoluir, mas a tendência é melhorar. O principal medo é atingir o pessoal do grupo de risco”, disse Rodrigues.
Época
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