Foto: Reprodução/Facebook/ArchieWilliams
Uma condenação por um crime não cometido é sempre uma injustiça atroz, mas não necessariamente o fim das esperanças. A atuação de uma rede internacional tem garantido que cada vez mais vítimas dessa situação consigam liberdade para recomeçar suas vidas.
Um famoso exemplo recente é o de Archie Williams, de 59 anos, um dos finalistas da 15ª edição do programa America’s Got Talent, que só conseguiu realizar o sonho de cantar para milhões e conquistou fãs como a duquesa de Sussex, Meghan Markle, após ter sua inocência provada com a ajuda da ONG Innocence Project.
Criado em 1992 nos Estados Unidos, o projeto revisa processos e usa exames de DNA para provar inocência em casos como o de Williams. Antes de subir ao palco e emocionar jurados e plateia, ele passou 36 anos na prisão depois de ter sido injustamente condenado por estupro, ataque agravado e tentativa de homicídio (leia mais abaixo).
O Innocence Project já reverteu julgamentos de 375 inocentes erroneamente condenados, incluindo 21 que estavam no corredor da morte. As pessoas beneficiadas passaram, em média, 14 anos encarceradas antes de serem liberadas.
Nesta sexta-feira (2), Dia da Condenação Injusta, a rede internacional promove a conscientização sobre as causas no sistema judiciário e os enormes traumas que esses casos provocam nos condenados e nas famílias.
Neste ano, a data terá participação ativa do Innocence Project Brasil, um dos vencedores da edição 2019 do Prêmio Innovare – que coloca em evidência iniciativas que trazem inovações e contribuem para o aprimoramento da Justiça.
Em um vídeo publicado em seu perfil em uma rede social, Williams afirmou: “Nunca deixei minha mente ir para a prisão”.
Esse exemplo de perseverança comoveu o principal jurado do America’s Got Talent, Simon Cowell, já impressionado por seu talento como cantor. Após saber da história do concorrente, Cowell decidiu se tornar um embaixador do Innocence Project e agora pretende ajudar outros condenados injustamente a obter a liberdade.
36 anos na prisão
Em 1983, aos 22 anos, Archie Williams foi condenado por estupro, ataque agravado e tentativa de homicídio de uma mulher de 31 anos.
A mãe e a irmã dele testemunharam dizendo que, na noite do crime, o jovem estava dormindo em casa. Além disso, nenhuma impressão de Williams foi encontrada no local em que a vítima sofreu o ataque.
Williams acredita que, por ser negro, pobre e não ter condições de lutar contra o sistema judicial do estado da Louisiana, o resultado foi uma condenação à prisão perpétua sem direito a condicional.
Apenas em 1995, já com o uso de exames de DNA em investigações criminais e a existência do Innocence Project, Williams viu sua grande chance: escreveu aos advogados do projeto e pediu ajuda.
A espera, porém, seria longa, graças à legislação atrasada do estado de Louisiana. Foram mais de dez anos até que o estado permitisse que condenados acessassem testes de DNA para provar inocência após sua condenação.
Só em 2009 o resultado do teste revelou que o DNA encontrado em provas era compatível com o do marido da vítima, e não com seu agressor. Outros dez anos foram necessários para que as digitais na cena do crime fossem associadas a Stephen Forbes, um homem que já havia sido preso e condenado por vários outros estupros e que estava morto desde 1996.
Uma semana depois da identificação de Forbes, em 21 de março de 2019, Archie Williams era, enfim, um homem livre novamente.
G1
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