Deu na Globo
BRASÍLIA. Em meio a uma crise institucional e política, com problemas
financeiros e servidores em greve, o governo do Rio Grande do Norte
montou em Brasília, a mais de 2.000 quilômetros de Natal, uma espécie de
Conselho Político para ajudar a governadora Rosalba Ciarlini (DEM).
Entre os conselheiros estão o ministro da Previdência, Garibaldi Alves Filho (PMDB), o presidente do DEM e líder no Senado, José Agripino Maia, e o líder do PMDB na Câmara, Henrique EduardoAlves. Como os três passam a semana em Brasília, as reuniões foram transferidas para a capital federal.
- O governo herdou uma situação
financeira complicada, cometeu equívocos de comunicação e alguns
equívocos administrativos pontuais. Esse Conselho Político está
procurando ajudá-la no dia a dia para resolver as dificuldades – explica
Agripino Maia.
Duas das secretarias mais importantes do
estado, Justiça e Turismo, estão vagas, e vários candidatos sondados já
se recusaram a ocupar os cargos. De acordo com pesquisas recentes, a
reprovação à governadora Rosalba Ciarlini (DEM) atinge 60%.
Nesta semana, o secretário de Saúde, Domício Arruda,
foi afastado do cargo após se negar a prestar esclarecimentos à
imprensa sobre a situação problemática de um hospital e sobre a greve de
servidores do setor.
A crise no Rio Grande do Norte foi parar
ontem nas redes sociais. Críticos do governo emplacaram pela manhã como
líder no Twitter mundial a citação #ForaGovernadoraRosalba. Foi uma
reação aos apoiadores da governadora que haviam colocado minutos antes o
texto #AcreditoNoRnComRosalba como número um do Twitter brasileiro.
Eleita no primeiro turno, Rosalba
assumiu o governo no ano passado já sabendo da dificuldade que teria
para cumprir os acordos financeiros que a gestão anterior havia firmado.
Planos de carreira de servidores e repasses para outros órgãos
engessaram o orçamento da governadora.
Rosalba cortou gratificações que
representavam quase metade do salário de alguns servidores. A reclamação
foi geral. A dificuldade financeira somou-se à falta de articulação
política, e alguns secretários pediram o chapéu.
A reunião do Conselho Político da última
quinta-feira sacramentou a necessidade de uma reforma do secretariado,
que deve ocorrer nas próximas semanas. Duas demissões já estão
praticamente sacramentadas, no Planejamento e na Casa Civil. Esta última
deverá ser entregue ao marido da governadora, Carlos Augusto Rosado,
tido como a eminência parda do governo de Rosalba.
- A governadora vai superar a situação
por meio de mudanças na equipe. Ela pegou uma herança difícil, mas tem
condições de dar uma virada – pondera Garibaldi Alves.
Nas últimas semanas, surgiu novo temor: a
seca. Assim como em todos os estados do Nordeste, a expectativa é que a
estiagem de agora seja a pior em muitos anos. Os políticos do estado já
preparam uma corrida ao caixa do governo federal para tentar reduzir o
impacto da estiagem:
- Tem vários projetos importantes para o
estado que podemos viabilizar em Brasília. Vamos tentar ajudar a levar
esses recursos. Esta é uma fase em que se precisa ter paciência – pede o
líder do PMDB, Henrique Alves.
Nesse cenário dramático, Rosalba tem um
alento. A rejeição a seu governo, que beira 60%, não é nada comparada à
da prefeita da capital, Micarla de Souza (PV). Também eleita no primeiro turno, em 2008, ela soma rejeição de 90% do eleitorado e não tem chance de ser reeleita.
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